Aninha
Acordei mais cedo com um despertador mal programado, acho que meu subconsciente sabia que eu tinha um compromisso... Não era tão cedo assim, mas pra mim ainda era madrugada; claro que pra mim antes do meio dia é sempre madrugada....

O dia estava bonito, o sol forte e claro, mas o frio queimava meu rosto e fazia meu corpo doer, parece que estou enferrujada; esta sensação é comum no outono e no começo do inverno, depois acostumo.

Ainda meio dormindo encontrei algumas pessoas que falavam sobre algo que me interessou, logo a curiosidade tomou conta da preguiça. Ouvi atenta alguns minutos, prestei atenção em cada respiração, cada entonação, cada expressão sutil que cada um fazia; despertar com aquelas palavras pareceu mágico, motivador.

Cerca de 15 minutos depois a conversa mudou de rumo, um papo chato, que não me agradava e que eu não concordava, jamais ouviria tudo aquilo quieta...

Por sinal isso sempre me instigou: "Como algumas pessoas conseguem ouvir tantos absurdos quietas, sem retrucar ou questionar?" Sei que deixar pra lá evita brigas, desavenças; mas eu simplesmente não consigo, ouvir o que não concordo e não fazer nada não faz parte de mim. Se eu bem me conhecia era hora de tomar a palavra e discordar.

Para minha surpresa não foi o que eu fiz; fiquei na minha, ali, sem dizer uma palavra sequer... É mais que óbvio que eu não estava ouvindo tudo o que não concordo calada, eu simplesmente não estava ouvido. Minha imaginação estava vagando bem longe dali, meu pensamento estava em outro lugar, com outras pessoas, em outro tempo.

Quando percebi quão longe eu estava e quão sem sentido era a conversa que acontecia ao meu redor entendi o tamanho da minha conquista.

“Eu aprendi a desligar os ouvidos e ligar a imaginação“