Aninha
Um dia desses uma nova amiga me mandou uma frase que ficou ecoando na minha cabeça:

“Olho por olho, e o mundo ficará cego.”
Gandhi

Sei que ela não queria dizer isso para mim, sei que foi um desabafo, sei que ela me conhece pouco, mal sabe ela o quanto esta frase me fez pensar.

Desde então tenho olhado o mundo de maneira mais atenciosa, e assim fui percebendo quanta razão tem Gandhi; as pessoas estão cada vez mais intolerantes, cada vez mais cegas...

Já é quase normal vermos cobranças desumanas, exigências desnecessárias, vida a ferro e fogo, olho por olho, dente por dente... Pior que isso é vermos o mundo cego, as pessoas ignorando os outros, ignorando o mundo, ignorando a si mesmas. Ignoramos nossos sentimentos, nossos sonhos, nossa dor; ignoramos nosso cansaço e nossa saúde, cuidamos das exigências do mundo e esquecemos nossos valores.

Como é triste constatar que a frase é tão verdadeira, tão atemporal, tão dura e real. Em meio a esta tristeza, olho pra dentro de mim, tenho medo do que posso ver, tenho medo de não ver, de estar cega... Para meu feliz espanto pude me enxergar, pelo menos isso.


Aos poucos me acalmo, me percebo... aos poucos constato o quanto tenho errado e engessado minha vida... aos poucos vejo que não sei mais entender a necessidade de fazer as coisas aos poucos.

Tenho acelerado o processo, tenho sido rígida, tenho me perdido em exigências que eu mesma imponho. Perdi a maleabilidade, perdi a envergadura, deixei de lado a compreensão e a relevância. Me perdi no ritmo louco do mundo, nas obrigações impostas, nas regras infundadas. Não sinto mais meus pulsos, não me entrego aos impulsos; não deixo o sentimento falar mais alto, não admito o erro nem aceito meu fracasso.

E agora, parando para pensar, apenas pergunto por que. Sem resposta sei que não adianta tentar entender, amanhã é outro dia e como já disse Renato Russo: “a vida continua e se entregar é uma bobagem”.

Olhando pra mim vejo que não adianta ser uma boneca de porcelana, ou um soldadinho de chumbo, me sinto intolerante sem razão, cobro de mim coisas desnecessárias, cobro dos outros, cobro do mundo...

CHEGA

Quero mais tardes sentada na areia, quer mais noites estreladas, quero mais irresponsabilidades, quero me entregar sem medo. Quero mais amor, mais erros, quero me apaixonar todos os dias, quero beijos demorados, abraços apertados. Quero ouvir música alta e cantar desafinada, quero dançar e rir de mim... Quero perder a cabeça e encontrar meu jogo de cintura!

VOU ME LIBERTAR DE MIM E VOAR!