Aninha
Uma sensação indescritível aos poucos toma conta de mim…

Sinto uma corda presa à minha cintura, me dizem ser um cabo de segurança, ele balança e pesa, não sei se mais ajuda ou atrapalha…

Olho para baixo e vejo pouco, parece que estou correndo um risco enorme, o chão está longe e não vejo nenhum tipo de rede de proteção.

Consigo ver apenas uma corda grossa, esticada até a escuridão, uma voz diz que devo ir, andar sobre esta corda, superar o desafio.

Não há segurança para ir, tão pouco para ficar, o risco me apavora, minhas mãos suam frio, meus órgãos estão tremendo. A enorme curiosidade que sempre me foi característica clama pela travessia.

Fico aqui no começo da corda, parada, olhando o escuro… Nada adianta, meus pés começam a doer, continuo sem saber o que é segurança ou o que me espera do outro lado.

Descubro que não há outro lado, há apenas um lugar seguro, com algumas velas para serem acesas, onde poderei descansar um pouco, onde serei acolhida e respirarei em paz…

Enquanto isso a vida esticará outra corda, até o próximo porto seguro em meio a escuridão.



Com muito medo olho para trás, vejo outras cordas esticadas, mil pontos de parada com velas acesas, entendo que este é o caminho da minha vida, já atravessei muitos abismos e consegui iluminar tanta escuridão….

É preciso garra e muita coragem, onde encontra-la, o que fazer agora? Estas perguntas povoam meus pensamentos e me deixam aqui, parada…
(continua)